Grega


Bom hoje nós vamos abordar a mitologia grega em geral, nesse primeiro post sobre esse assunto, entao sem mais Delongas clique em "mais informações" para ler todo o conteudo.






Mitologia grega

Mitologia grega é o estudo dos conjuntos de narrativas relacionadas aos mitos dos gregos antigos, de seus significados e da relação entre eles e os povos — consideradas, com o advento do cristianismo, como meras ficções alegóricas. Para muitos estudiosos modernos, contudo, entender os mitos gregos é o mesmo que lançar luz sobre a compreensão da sociedade grega antiga e seu comportamento, bem como suas práticas ritualísticas. O mito grego explica as origens do mundo e os pormenores das vidas e aventuras de uma ampla variedade de deuses, deusas, heróis, heroínas e outras criaturas mitológicas.
Ao longo dos tempos, esses mitos foram expressos através de uma extensa coleção de narrativas que constituem a literatura grega e também na representação de outras artes, como a pintura da Grécia Antiga e a pintura vermelha em cerâmica grega. Inicialmente divulgados em tradição oral-poética, hoje esses mitos são tratados apenas como parte da literatura grega. Essa literatura abrange as mais conhecidas fontes literárias da Grécia Antiga: os poemas épicos Ilíada e Odisseia (ambos atribuídos a Homero e que focam sobre os acontecimentos em torno da Guerra de Troia, destacando a influência de deuses e de outros seres), e também a Teogonia e Os Trabalhos e os Dias, ambos produzidos por Hesíodo. Os mitos também estão preservados nos Hinos homéricos, em fragmentos de poemas do Ciclo Épico, na poesia lírica, no âmbito dos trabalhos das tragédias do século V a.C., nos escritos de poetas e eruditos do Período Helenístico e em outros documentos de poetas do Império Romano, como Plutarco e Pausânias. A principal fonte para a pesquisa de detalhes sobre a mitologia grega são as evidências arqueológicas que descobrem e descobriram decorações e outros artefatos, como desenhos geométricos em cerâmica, datados do século VIII a.C., que retratam cenas do ciclo troiano e das aventuras de Hércules. Sucedendo os períodos Arcaico, Clássico e Helenístico, Homero e várias outras personalidades aparecem para completar as provas dessas existências literárias.
         A mitologia grega tem exercido uma grande influência na cultura, nas artes e na literatura da civilização ocidental e permanece como parte da herança e da linguagem do Ocidente. Poetas e artistas desde os tempos antigos até o presente têm se inspirado na mitologia grega e descoberto que os temas mitológicos lhes legam significado e relevância em seu contemporâneo.Seu patrimônio também influi na ciência, como no caso dos nomes dados aos planetas do Sistema Solar e em estudos teóricos, acadêmicos, psicanalíticos, antropológicos e muitos outros, além de nos dias de hoje tradições neopagãs como a Wicca serem influenciadas por ela e outras como o dianismo, a Stregheria e principalmente o dodecateísmo (ou neopaganismo helênico) tenham tentado resgatar suas crenças.


Termo e compreensão


Num contexto acadêmico, a palavra "mito" significa basicamente qualquer narrativa sacra e tradicional, seja verdadeira ou falsa. O sufixo "-logia", derivado do radical grego "logo", representa um campo de estudo sobre um assunto em particular. Com a junção de ambos os termos, "mitologia grega" seria, basicamente, o estudo dos mitos gregos, ou seja, os que fazem parte da cultura da Grécia. Sendo assim, o termo não só alude ao estudo dos mitos como também aos próprios mitos. Como escreve o professor e escritor português Carlos Ceia, "termo de dupla significação, indica, por um lado, o conjunto dos mitos ou narrativas míticas relativas a seres sobrenaturais, fantásticos ou de valor superhumano e, por outro lado, o estudo ou interpretação dos mitos."
É um termo crítico moderno e, portanto, os próprios gregos e romanos antigos não se referiam a suas crenças como "mitos" ou "mitologia", mas como religião (ver capítulo Interpretação), o que ainda hoje em dia ocorre com os neopaganistas helênicos, embora estes vivam um acontecimento moderno diferente de resgate e preservação e mesmo certos grupos de adeptos entendam o papel dos mitos como arquétipos ou símbolos (ver seção Neopaganismo e resgate).
Para mais informações sobre o histórico de interpretação dos mitos gregos, dirija-se até as sub-seções: Concepções greco-romanas e Interpretações modernas. É importante ressaltar que, nesse artigo, as palavras "mitologia" e "mito" são usadas para as narrativas tradicionais e sagradas das culturas clássicas, sem qualquer implicação de que esta ou aquela seja verdadeira ou falsa.

Mito e sociedade

A mitologia grega era assunto principal nas aprendizagens das crianças da Grécia Antiga, como meio de orientá-las no entendimento de fenômenos naturais e em outros acontecimentos que ocorriam sem o intermédio dos homens. Os gregos antigos atribuíam a cada fenômeno natural uma criatura ou um deus diferente. Certos estudiosos modernos dizem que, quando passaram a inventar meios de calcular o tempo e quando criaram mecanismos de datação como o calendário, seus mitos declinaram (ver seção Declínio logo abaixo). Os poetas atribuíam esses estados térmicos, como também as relações e as características humanas, aos deuses e a outras histórias lendárias, e elas serviram durante um bom tempo como cultos ritualísticos na sociedade da Grécia antiga.
Além das crianças serem educadas através dos mitos, as famílias aristocráticas da Grécia, assim como os reis, e também profissionais, como os médicos, possuíam a tradição de se ligarem genealogicamente a antepassados míticos, geralmente divinos, ou até mesmo heróicos. Os comerciantes também cultuavam deuses, como Hermes, sempre em tentativa de deixá-lo satisfeito e assim conseguir bons resultados em suas vendas. Além de serem habituados aos sacrifícios de animais e às orações, os gregos antigos adotavam um deus particular ou um grupo deles para sua cidade, e os cidadãos construíam templos e o(s) venerava(m). Essas cidades não possuíam qualquer organização religiosa oficial, mas honravam os deuses em lugares determinados, como Apolo exclusivamente em Delfos.
Muitos festivais religiosos eram realizados na Grécia antiga. Alguns eram especificadamente dedicados a uma deidade particular ou cidade-estado. A Lupercalia, por exemplo, era comemorada na Arcádia e dedicada à pastoral Pã. Existiam também os jogos que eram realizados anualmente em locais diferentes, e que culminaram nos Jogos Olímpicos da Antiguidade, realizados a quatro anos e dedicados a Zeus. Os gregos, frequentemente, encontravam desígnios dos deuses em muitas características da natureza. Os adivinhos, por exemplo, acreditavam haver mensagens divinas contidas no vôo das aves e nos sonhos. Nas cidades, os oráculos — locais sagrados — eram usados por um sacerdote que, tomado por êxtase ou loucura divina, servia de intermédio entre o diálogo de um fiel e seu deus de adoração.
Nas primeiras eras em que a recente filosofia vivia ao lado da tradicional mitologia, para o povo grego a sabedoria plena e completa pertencia aos deuses, mas os homens poderiam desejá-la e amá-la, tornando-se filósofos (philo= amizade, amor fraterno, respeito; sophia= sabedoria)

Mito e religião

É preciso haver um esclarecimento acerca da diferença entre mito e religião. Hoje, todas as mitologias de todos os povos são entendidas como um conjunto de crenças enraizadas em relatos modernamente tidos como fictícios e imaginados pelos poetas, enquanto a religião propõe-se a criar rituais ou práticas com a finalidade de estabelecer vínculos com a espiritualidade. "Mitologia" é um termo indiscutivelmente técnico e moderno e nunca utilizado pelos próprios gregos ou romanos. Seus cultos compreendiam uma religião politeísta da qual os especialistas de hoje agrupam no que se chama "mitologia grega", analisando as narrativas poéticas como legados da literatura antiga, ao passo que os próprios gregos, sobretudo antes da fama da filosofia, acreditavam serem reais. Pode-se dizer que "mito" é todo o conjunto que nós compreendemos hoje o que em suas épocas os gregos chamavam "religião".
Para ficar mais claro, podemos dizer que os textos sacros dos gregos são o que chamamos agora de mitologia ou literatura da Grécia antiga. A Teogonia e Os Trabalhos e os Dias de Hesíodo, a Ilíada e a Odisseia de Homero e as Odes de Píndaro estão entre as obras que os gregos consideravam sacros. Estes são os principais textos que foram considerados inspirados pelos deuses e geralmente incluem no prólogo uma invocação às Musas para que elas auxiliem o trabalho do poeta.
Os gregos faziam cultos os deuses do Olimpo, realizados em templos comuns ou em altares e, também, culto aos heróis históricos, realizados em suas respectivas tumbas. Dedicados a um deus ou a um herói, os templos, decorados com esculturas (de deuses ou heróis) em relevo entre o teto e o topo das colunas, eram constituídos de pedras nobres como o mármore, usadas no alto da acrópole. Os antigos teatros gregos, também, eram construídos para determinada figura mitológica, deuses ou heróis, como o teatro de Dioniso no Santuário de Apolo em Delfos.
Além da religião ter sido praticada através de festivais, nela se acreditava que os deuses interferiam diretamente nos assuntos humanos e que era necessário acalmá-los por meio de sacrifícios. Estes rituais de sacrifício desempenharam um papel importante na formação da relação entre o homem e o divino. Um dos conceitos mais importantes quanto à moral para os gregos era o medo de cometer húbris (arrogância), o que constitui muitas coisas, do estupro à profanação de um cadáver.

Classificação


A gama de personagens, seres e ambientes que formam a mitologia grega podem ser separados em três partes, sendo a última um apêndice para a literatura mitológica, de onde conseguimos grande parte das informações sobre os mitos:
1. Raças, divindades, criaturas; personagens em geral, que abrange os ventos, centauros, ctónicos, ciclopes, dragões, erínias, gigantes, górgonas, hecatônquiros, harpia, musas, moiras, mortais, ninfas, deuses olímpicos, deuses primordiais, sátiros e titãs.
1 a. Aqui também são incluídos os heróis Héracles, Aquiles, Odisseu, Jasão, Argonautas, Perseu, Édipo, Teseu e Triptolemos.
2. Lugares, que abrange os ambientes em que essas figuras, na imaginação dos gregos, viveram suas aventuras, que são Delfos, Delos, Olímpia, Hades (reino), Atlântida, Olimpo, Troia, e Temiscira.
3. Literatura mitológica clássica, inclui o estudo da literatura antiga grega, que contou com nomes como Homero, que incluía em sua narrativa a crença de deuses.

Fontes


A mitologia grega é conhecida nos dias de hoje através da literatura grega e de expressões artísticas visuais como a cerâmica grega que datam do Período Geométrico em diante. O objetivo deste capítulo é entender como nós, contemporâneos, tivemos a oportunidade de arrecadar hoje em dia informações tão antigas quanto são os mitos gregos.


Fontes literárias


A narração mítica desempenhou um papel importante em quase todos os gêneros da literatura grega. No entanto, o único manual mitográfico que sobreviveu da Grécia Antiga foi a famosa Biblioteca Mitológica, do escritor denominado Pseudo-Apolodoro, que tenta conciliar os contos contraditórios dos poetas e fornece um resumo da mitologia grega e suas lendas históricas. O verdadeiro Apolodoro viveu entre c. 180-120 a.C., escreveu sobre muitos destes temas e seus escritos podem ter formado a base para a coleção dessa obra, porém a Biblioteca aborda eventos que ocorreram muito tempo após sua morte, daí o nome Pseudo-Apolodoro.
Entre as fontes literárias da primeira era, destacam-se os dois poemas épicos de Homero–Ilíada e Odisseia. Completando esse ciclo épico, temos escritas de poetas cujos documentos foram perdidos ao longo do tempo. Apesar da sua denominação tradicional, os Hinos homéricos, hinos em coral da primeira fase da então-denominada poesia lírica,[35] não possuem relação alguma com Homero. Hesíodo, possível contemporâneo de Homero, produziu Teogonia, o documento mais recente sobre mitos gregos, que elabora uma genealogia dos deuses e explica a origem dos Titãs e dos Gigantes. Os Trabalhos e os Dias, também de Hesíodo, é um poema didático sobre a vida da agricultura que apresenta os mitos de Pandora e da Era dos Homens. O poeta dá conselhos sobre a melhor maneira de ter sucesso em um mundo perigoso tornado ainda mais arriscado por esses deuses. Os Trabalhos e os Dias também apresenta o mito de Prometeu, que, mais tarde, constituiu na base de uma trilogia de tragédias, possivelmente iniciada por Ésquilo, que são: Prometeu Acorrentado, Prometeu Desacorrentado e Prometeu, o Condutor do Fogo.
Os poetas líricos direcionaram por vezes seus temas aos mitos, todavia esse tratamento ficou cada vez menor, enquanto que sua alusões à narrativa cresceu. Os poetas líricos gregos, como Píndaro e Simónides de Ceos, e os poetas bucólicos, incluindo Teócrito, forneceram incidentes mitológicos individuais. Além disso, o mito foi tema central no drama Ateniense: os dramaturgos trágicos Eurípides, Sófocles e Ésquilo produziram seus enredos envolvendo a Era dos Heróis e a Guerra de Troia. Muitas das grandes históricas trágicas (ou seja, Agamemnon e seus filhos, Édipo, Jasão e Medeia, etc.) trouxeram em sua forma clássica estas peças trágicas.
O poeta romano Virgílio, aqui retratado no manuscrito do século XV Vergilius Romanus, preservou muitos detalhes da mitologia grega em suas composições.
Os historiadores Heródoto e Diodoro Sículo, e os geógrafos Pausânias e Estrabão, que viajaram ao redor do mundo grego e anotaram as histórias que ouviram, forneceram numerosos mitos locais, apresentando diversas vezes versões alternativas pouco conhecidas dos mitos. Heródoto, especialmente, procurou as várias tradições apresentando e encontrando as raízes históricas ou mitológicas no conflito entre a Grécia e o Oriente. Heródoto procurou conciliar as origens e a mistura de diferentes conceitos culturais.
A poesia das eras Helenística e Romana, que embora tenha sido composta mais como literatura do que um exercício de culto aos mitos, contém muitos detalhes importantes que de outra forma seriam perdidos. Essa categoria inclui:
1. Os poetas romanos Ovídio, Sêneca e Virgílio.
2. Os poetas gregos da Antiguidade tardia: Antonino Liberal e Quinto de Esmirna.
3. Os poetas gregos do Período Helenístico: Apolónio de Rodes, Calímaco, Eratóstenes e Partênio.
4. Antigos romances de gregos e romanos, como Apuleio, Petrônio e Heliodoro.
Em contrapartida com o gênero lírico, a Fabulae e a Astronomica do escritor romano Higino são duas composições não-poéticas importantes sobre o mito. As obras Imagens e Descrições, de Filóstrato e Calístrato (respectivamente), são dois trabalhos literários úteis para o estudo dos mitos gregos.
Finalmente, o apologético cristão Arnóbio, citando práticas religiosas para desacreditá-las, e vários outros escritores bizantinos proporcionam detalhes importantes dos mitos, alguns deles procedentes de obras gregas perdidas durante os anos. Entre estes, inclui-se os léxicos de Hesíquio, a Suda, e os tratados de João Tzetzes e de Eustácio de Salônica. O ponto de vista moralizador cristão a respeito dos mitos gregos se resume no dito ἐν παντὶ μύθῳ καὶ τὸ Δαιδάλου μύσος (en panti muthōi kai to Daidalou musos, "em todo mito está a profanação de Dédalo"), sobre o que disse a Suda que alude o papel de Dédalo ao satisfazer a "luxúria antinatural" de Pasífae pelo trono de Posídon: "Desde que a origem e a culpa desses males se atribuíram a Dédalo e foi odiado por eles, se converteu no objeto do provérbio."

Fontes arqueológicas


A descoberta da civilização micênica pelo arqueólogo amador alemão Heinrich Schliemann no século XIX, e a descoberta da civilização minóica em Creta pelo arqueólogo britânico Sir Arthur Evans no século XX, ajudaram a esclarecer muitas dúvidas a respeito dos épicos de Homero e outras questões da mitologia, como as crenças em deuses e em heróis. A evidência sobre os mitos e os rituais nos sítios arqueológicos das civilizações micênica e minóica é inteiramente monumental, uma vez que a linear B (método de escrita antigo, encontrado em Creta e na Grécia continental) era usada principalmente para o registro de inventários, embora os nomes de deuses e de heróis tenham sido dificilmente revelados.
Schliemann começou seu trabalho em 1870, com o intuito de averiguar se as histórias que ouvia de seu pai quando criança, a respeito dos épicos homéricos, eram verdadeiras; numa madrugada, juntamente com sua esposa, conseguiu encontrar dois diademas de ouro, 4.066 plaquetas, 16 estatuetas, 24 colares de ouro, anéis, agulhas, pérolas (total de 8.700 artefatos) e pesquisas posteriores deixaram certezas que a mítica cidade de Troia existiu no local há milênios.
Existem desenhos geométricos em cerâmica datados do século VIII a.C. que retratam o Ciclo de Troia, como também as aventuras de Hércules. Por dois motivos, essas representações visuais dos mitos possuem enorme importância: em primeiro lugar, muitos mitos gregos foram comprovados em desenhos de vaso antes do que na literatura escrita–das doze elaborações sobre Hércules, por exemplo, somente a aventura de Cérbero é apresentada pela primeira vez em um texto literário–e, em segundo lugar, as fontes visuais muitas vezes fornecem cenas míticas que não são apresentadas em quaisquer fontes literárias existentes. Em alguns casos, a primeira representação conhecida de um mito na arte geométrica antecede, em questão de muitos anos e séculos, a sua primeira aparição conhecida na poesia arcaica. Nos períodos Arcaico (750–c. 500 a.C), Clássico ( 480–323 a.C), e Helenístico, Homero e várias outras personalidades surgem para completar as evidências literárias da existência da mitologia grega.


História

A origem dos mitos da Grécia não deriva puramente da civilização grega, mas de uma mistura entre a cultura dos indo-europeus, pré-gregos, e até mesmo dos asiáticos, egípcios e outros povos com as quais os gregos estabeleceram contato.
Um dos fatores de evolução da mitologia grega foi a grande transformação que ela experimentou através dos tempos, e tal transformação serviu para enriquecer sua própria cultura. Os primeiros habitantes da Península Balcânica, em grande parte agricultores, atribuíam a cada aspecto da natureza um espírito. Finalmente, estes espíritos vagos assumiram a forma humana e entraram na mitologia local como deuses e deusas.Quando as tribos do norte invadiram a Península Balcânica, trouxeram consigo um novo panteão de deuses e crenças, voltadas à conquista, à força e à valentia, à batalha e ao heroísmo violento. Outras divindades mais antigas que povoavam a mente dos habitantes agrícolas se fundiram com aquelas dos invasores mais poderosos, ou então desvaneceram-se na insignificância.
Após a metade do período arcaico, que possuía mitos sobre as relações entre homens e deuses masculinos, os heróis tornaram-se cada vez mais aclamados, indicando o desenvolvimento paralelo da pederastia pedagógica, que pensa-se ter sido introduzido por volta de 630 a.C. Nos finais do século V a.C, os poetas haviam atribuído pelo menos um eromenos a todos os deuses importantes, exceto Ares e outras figuras lendárias. Outros mitos anteriormente existentes, como o de Aquiles e o de Pátroclo, foram reinterpretadas como mitologia homossexual.
O sentido da poesia épica foi criar ciclos históricos, e resultar num desenvolvimento de um senso da cronologia mitológica; assim, a mitologia grega desdobra-se como uma etapa no desenvolvimento do mundo e do homem. As auto-contradições nas histórias fazem com que seja impossível montar um cronograma absoluto a respeito da Mitologia grega, mas podemos elaborar uma cronologia concordável. A história mitológica do mundo pode ser dividida em 3 ou 4 grandes períodos:
1. Mito da origem ou da era dos deuses: é a teogonia, o nascimento dos deuses, os mitos sobre a origem do planeta, dos deuses e da raça humana.
2. Era em que os homens e os deuses se mesclam livremente: histórias das primeiras interações entre deuses, semi-deuses e mortais juntos.
3. Era dos heróis (era heróica), onde a atividade divina ficou mais limitada. As últimas e maiores lendas heróicas são da Guerra de Troia e suas consequências (consideradas por alguns investigadores como um quarto período separado).
Embora a Era dos deuses tem sido frequentemente alvo de interesse pelos alunos contemporâneos da mitologia grega, os autores arcaicos e clássicos possuíam uma clara preferência pela Era dos heróis. As heróicas Ilíada e Odisseia, por exemplo, estavam e ainda se encontram atualmente sobre maior destaque que a Teogonia e que os hinos homéricos – e prevaleceram em popularidade e continuidade. Sob a influência de Homero, o culto heróico conduziu uma reestruturação na vida espiritual, expresso na separação entre o reino dos deuses do reino dos mortos (heróis), e dos deuses olímpicos dos ctónicos. No O Trabalho e Os Dias, Hesíodo monta um esquema de quatro Era dos homens (ou Raças): de Ouro, de Prata, de Bronze e de Ferro. Estas raças ou eras são criações separadas dos mitos dos deuses, correspondendo à Era Dourada ao reino de Cronos e sendo as seguintes raças criações de Zeus. Hesíodo intercalou a Era (ou Raça) dos heróis pouco depois da Idade do Bronze. A ultima idade foi a Idade do Ferro. Em Metamorfoses, Ovídio segue o conceito de Hesíodo e apresenta essas quatro idades.


Era dos deuses


Cosmogonia e cosmologia

"Mitos de origem" ou "mitos de criação", na mitologia grega, são termos alusivos à intenção de fazer com que o universo torne-se compreensível e com que a origem do mundo seja explicada. Além de ser o mais famoso, o relato mais coerente e mais bem estruturado sobre o começo das coisas, a Teogonia de Hesíodo também é visto como didático, onde tudo se inicia com o Caos: o vazio primitivo e escuro que precede toda a existência. Dele, surge Gaia (a Terra), e outros seres divinos primordiais: Eros (atração amorosa), Tártaro (escuridão primeva) e Érebo. Sem intermédio masculino, Gaia deu à luz Urano, que então a fertilizou. Dessa união entre Gaia e Urano, nasceram primeiramente os Titãs: seis homens e seis mulheres (Oceano, Céos, Créos, Hiperião, Jápeto, Teia e Reia, Têmis, Mnemosine, Febe, Tétis e Cronos); e logo os Ciclopes de um só olho e os Hecatônquiros (ou Centimanos). Contudo, Urano, embora tenha gerado estas divindades poderosas, não as permitiu de sair do interior de Gaia e elas permaneceram obedientes ao pai. Somente Cronos, "o mais jovem, de pensamentos tortuosos e o mais terrível dos filhos", castrou o seu pai–com uma foice produzida das entranhas da mãe Gaia–e lançou seus genitais no mar, libertando, assim, todos os irmãos presos no interior da mãe. A situação final foi que Urano não procriou novamente, mas o esperma que caiu de seus genitais cortados produziu a deusa Afrodite, saída de uma espuma da água, ao mesmo tempo que o sangue de sua ferida gerou as Ninfas Melíades, as Erínias e os Gigantes, quando atingiu a terra. Sem a interferência do pai, Cronos tornou-se o rei dos titãs com sua irmã e esposa Reia como cônjuge e os outros Titãs como sua corte.
O pensamento antigo grego considerava a teogonia–que engloba a cosmogonia e a cosmologia, temas desssa subseção–como o protótipo do gênero poético e lhe atribuía poderes quase mágicos. Por exemplo: Orfeu, o poeta e músico da mitologia grega, proclamava e cantava as teogonias com o intuito de acalmar ondas e tormentas–como consta no poema épico Os Argonautas, de Apolónio de Rodes–e também para acalmar os corações frios dos deuses do mundo inferior, quando descia à Hades. A importância da teogonia encontra-se também no Hino Homérico à Hermes, quando Hermes inventa a lira e a primeira coisa que faz com o instrumento em mãos é cantar o nascimento dos deuses.
Contudo, a Teogonia não é somente o único e mais completo tratado da mitologia grega que se conservou até nossos dias, mas também o relato mais completo no que diz respeito a função arcaica dos poetas, com sua larga invocação preliminar das Musas. Foi também tema de muitos poemas perdidos, incluindo os atribuídos à Orfeu, Museu, Epimênides, Ábaris e outros profetas legendários, cujos versos costumavam ser usados em rituais privados de purificação e em religião de mistérios. Inclusive, há indícios de que Platão se familirizou com alguma versão da teogonia órfica. Poucos fragmentos dessas obras sobreviveram em citações de filósofos neoplatonistas e em fragmentos recentemente desenterrados, escritos em papiro. Um desses documentos, o papiro de Derveni, demonstra atualmente que pelo menos no século V a. C. existiu um poema teogônico-cosmogônico de Orfeu. Este poema tentou superar a Teogonia de Hesíodo e a genealogia dos deuses se ampliou com o surgimento de Nix (a Noite), marcando um começo definitivo que havia surgido antes dos seres Urano, Cronos e Zeus.


Deuses gregos

Quando Cronos tomou o lugar de Urano, tornou-se tão perverso quanto o pai. Com sua irmã Reia, procriou os primeiros deuses olímpicos (Héstia, Deméter, Hera, Hades, Poseídon e Zeus), mas logo os devorou enquanto nasciam, pelo medo de que um deles o destronasse. Mas Zeus, o filho mais novo, com a ajuda da mãe, conseguiu escapar do destino e travou uma guerra contra seu progenitor, cujo vencedor ganharia o trono dos deuses. Ao final, com a força dos Cíclopes–a quem libertou do Tártaro–Zeus venceu e condenou Cronos e os outros Titãs na prisão do Tártaro, depois de obrigar o pai a vomitar seus irmãos. Para a mitologia clássica, depois dessa destituição dos Titãs, um novo panteão de deuses e deusas surgiu. Entre os principais deuses gregos estavam os olímpicos- cuja limitação de seu número para doze parece ter sido uma ideia moderna, e não antiga - que residiam no Olimpo abaixo dos olhos de Zeus. Nesta fase, os olímpicos não eram os únicos deuses que os gregos adoravam: existiam uma variedade de divindades rupestres, como o deus-bode Pã, as ninfas— Náiades (que moravam nas nascentes), Dríades (espíritos das árvores) e as Nereidas (que habitavam o mar) —, deuses de rios, Sátiros e outras divindades que residiam em florestas, bosques e mares. Além dessas criaturas, existiam no imaginário grego seres como as Erínias (ou Fúrias) (que habitavam o submundo), cuja função era perseguir os culpados de homicídio, má conduta familiar, heresia ou perjúrio.
Para honrar o antigo panteão grego, compôs-se os famosos hinos homéricos (conjunto de 33 canções). Alguns estudiosos, como Gregory Nagy, consideram que os hinos homéricos são simples prelúdios, se comparado com a Teogonia, onde cada hino invoca um deus.[62] No entanto, os deuses gregos, embora poderosos e dignos de homenagens como as presentes nestes hinos, eram essencialmente humanos (praticavam violência, possuíam ciúme, coléra, ódio e inveja, tinham grandezas e fraquezas humanas), embora fossem donos de corpos físicos ideais. De acordo com o estudioso Walter Burkert, a definição para essa característica do antropomorfismo grego é que "os deuses da Grécia são pessoas, e não abstrações, ideias ou conceitos". Independentemente de suas formas humanas, os deuses gregos tinham muitas habilidades fantásticas, sendo as mais importantes: ter a condição de ser imúne a doenças, feridas e ao tempo; ter a capacidade de se tornar invisível; viajar longas distâncias instantaneamente e falar através de seres humanos sem estes saberem. Os gregos consideravam a imortalidade — que era assegurada pela alimentação constante de ambrosia e pela ingestão de néctar — como a característica distintiva dos deuses.
Cada deus descende de uma genealogia própria, prossegue interesses próprios, tem uma certa área de especialização, e é regido por uma personalidade singular; no entanto, essas descrições surgem a partir de uma infinidade de locais arcaicos variantes, que não coincidem sempre com elas. Quando esses deuses eram aludidos na poesia, na oração ou em cultos, essas práticas eram realizadas mediante uma combinação de seus nomes e epítetos, que os identificavam por essas distinções do resto de suas próprias manifestações (e.x. Apolo Musageta era "Apolo, [como] chefe das Musas").
A maioria dos deuses foram associados a aspectos específicos de suas vidas: Afrodite, por exemplo, era deusa do amor e da beleza, Ares era deus da guerra, Hades o deus da morte, e Atena a deusa da sabedoria e da coragem. Certos deuses, como Apolo e Dionísio, apresentam personalidades complexas e mais de uma função, enquanto outros, como Héstia e Hélios, revelam pequenas personificações. Os templos gregos mais impressionantes tendiam a estar dedicados a um número limitado de deuses, que foram o centro de grandes cultos panhelênicos. De maneira interessante, muitas regiões dedicavam seus cultos a deuses menos conhecidos e muitas cidades também honravam os deuses mais conhecidos com ritos locais característicos e lhes associavam mitos desconhecidos em outros lugares. Durante a era heróica — que veremos na próxima sub-seção — o culto dos heróis (ou semi-deuses) complementou a dos deuses e ambas as criaturas se fundiram no imaginário da Grécia.

Era dos deuses e dos mortais

Unindo a idade em que os deuses viviam sós e a idade em que a interferência divina nos assuntos humanos era limitada, havia uma era de transição em que os deuses e os homens (mortais) se misturaram livremente. Estes foram os primeiros dias do mundo, quando os grupos se misturavam com mais liberdade do que fizeram depois. A maior parte das crenças dessas histórias foram reveladas posteriormente na obra Metamorfoses de Ovídio, e frequentemente são divididas em dois grupos temáticos: histórias de amor e histórias de castigo. Ambas histórias tratam do envolvimento dos deuses com os humanos, seja de uma forma ou de outra:
Os contos de amor muitas vezes envolvem incesto, sedução ou violação de uma mulher mortal por parte de um deus, resultando em uma descendência histórica. Essas histórias sugerem geralmente que as relações entre deuses e mortais precisam ser evitadas, sendo que raramente esses envolvimentos possuem finais felizes. Em poucos casos, uma divindade feminina procura um homem mortal e vive com ele, como no Hino Homérico à Afrodite, onde a deusa se relaciona com o príncipe Anchises e acaba concebendo o chefe troiano Eneias.
Os contos de castigo envolvem a apropriação ou invenção de algum artefato cultural importante, como quando Prometeu roubou o fogo dos deuses e quando ele ou Licaão inventou o sacríficio, quando Tântalo roubou o néctar e a ambrósia da mesa de Zeus e de seus súditos, revelando-lhes o segredo dos deuses, ou quando Deméter ensinou agricultura e os Mistérios de Elêusis a Triptolemos, ou quando Mársias inventou os aulos e, com ela, ingressou num concurso musical ao lado de Apolo. As aventuras de Prometeu marcam um ponto entre a história dos deuses e a dos homens. Um fragmento de papiro anônimado, datado do século III a.C., retrata vividamente o castido que Dionísio aplicou à Lucurgo, rei de Trácia, cujo reconhecimento de novos deuses chegou demasiado tarde, ocasionando horrivéis penalidades que se estenderam por toda vida. A história da chegada de Dionísio para estabelecer seu culto em Trácia foi também o tema de uma trilogia de peças dramáticas do poeta antigo Ésquilo: como em As Bacantes, onde o rei de Tébas, Penteu, é castigo por Dionísio por ter sido desrespeitoso com as Ménades, suas adoradoras.
Ainda no assunto de relação entre deuses e mortais, há um conto antigo baseado em um tema folclórico, onde Deméter está procurando por sua filha Perséfone, depois de ter tomado a forma de uma anciã chamada Doso e recebido hospitalidade de Celéu, o rei de Elêusis em Ática. Por causa de sua hospitalidade, Deméter planejou fazer imortal seu filho Demofonte, como um ato de agradecimento, mas não pôde completar o ritual porque a mãe de Demofonte, Metanira, entrou e viu seu filho rodeado de fogo, visão essa que lhe provocou, instantâneamente, um grito agudo, que enfureceu Deméter, cuja lamentação veio depois, ao refletir o fato de que os "estúpidos mortais não entendem práticas divinas".

Era heróica

A idade em que os heróis viveram na mitologia grega é conhecida como Era (ou Idade) Heróica. A Era Heróica surgiu no Período Arcaico, quando os gregos imaginavam "heróis" (gr. ἥρωες; sg. ἥρως) como certos personagens de lendas épicas. Embora sujeitos à mortalidade, os heróis/semi-deuses se diferenciavam dos humanos pelo fato de serem capazes de façanhas impossíveis, talvez pelo fato de serem frutos de uma relação entre um mortal e um deus.
Após a ascensão do culto heróico, os deuses e os heróis constituíram a esfera sagrada e são invocados juntos nos juramentos e nas orações que são dirigidas a eles. Em contraste com a era dos deuses, durante a heróica a lista de heróis nunca é fixa e definitiva; já não nascem grandes deuses, mas sempre podem surgir novos heróis do exército dos mortos. Outra importante diferença entre o culto dos deuses e o dos heróis é que o segundo dos dois se torna o centro da identidade do grupo local.
Os eventos monumentais de Hércules são considerados o começo da era dos heróis. Também se anexam a eles três grandes sucessos militares: a expedição argonáutica e a Guerra de Troia, como também a Guerra de Tebas.

Hércules e os Heráclidas

Certos estudiosos acreditam que, por de trás das complexas histórias que envolvem o mito de Hércules (ou Herácles), existiu um homem verdadeiro, talvez um senhor de vassalos em Argos. Outros sugerem que o mito de Hércules é uma alegoria da passagem anual do sol pelas doze constelações do zodíaco. Existe um terceiro grupo que acredita que o mito deriva de outras culturas, revelando que a história de Hércules é uma adaptação regional de mitos heróicos já estabelecidos anteriormente. Embora a existência de todas essas e muitas outras especulações, a tradição afirma que Hércules foi filho de Zeus com a mortal Alcmena, neta de Perseu. Suas fantásticas façanhas, que envolvem diversos temas folclóricos, proporcionaram muito material às lendas populares. É retratado como um sacrificador, um guerreiro dotado de imenso vigor físico, com força e proezas maravilhosas, protegido por armaduras e itens das quais utilizava com destreza, demonstrando superioridade às habilidades do homem mortal comum. Quanto à iconografia, nas artes visuais — pelo menos no período arcaico — Hércules sempre fora apresentado com barba, pele de leão e clava nas mãos, com grandes músculos expostos nas pernas e nos braços.[83] Já no século IV, a popularidade do herói decresceu e, talvez um pouco por isso, suas características humanas foram reforçadas mais do que as heróicas, e passou a ser representado sem barba e frequentemente sem armas de combate.
Na literatura, Eurípedes escreveu a peça trágica Hércules (ou Hércules Enlouquecido, Hércules Furioso), onde explora o mito do herói, revelando sua conturbada existência, e sua vontade de cometer suicídio, mas que logo é encorajado a viver pelo amigo e rei de Atenas, Teseu. Na peça As Traquinianas, Hércules aparece aqui através da escrita de Sófocles. Esses dois textos da Grécia antiga, resguardados até os dias atuais, nos conferiram detalhes preciosos acerca dos mitos sobre o herói mais popular e interessante da mitologia grega.
Hércules atingiu o mais alto prestígio social através de sua nomeação como ancestro oficial dos reis dóricos. Isto serviu provavelmente como legitimação para as invasões dóricas no Peloponeso. Um exemplo disto é o herói mitológico Hilo, epônimo de uma tribo dórica, que se converteu em Heráclida (nome que recebiam os numerosos descendentes de Hércules, especialmente os descendentes de Hilo — outros Heráclidas existentes são Macária, Lamos, Manto, Tlepólemo e Télefo). Estes Heráclidas conquistaram os reinos peloponesos de Micenas, Esparta e Argos, alegando, segundo o mito, o direito de governá-los devido sua ascendência. A ascensão dos Heráclidas é muitas vezes denominada "Invasão Dórica" (ver artigo). Um fato interessante é que os reis lídios e, posteriormente, os reis macedôniso — como governantes de um mesmo reino — também passaram a ser Heráclidas.
Embora Hércules tenha morrido, como é destino de todo mortal, por conta de seu lado humano (derivado da mãe Alcmena), alguns gregos — especialmente Píndaro, que o chamava de "herói-deus" — acreditavam que, por conta de seu lado divino (advindo da descendência de Zeus), ele subiu ao Olimpo e tornou-se um deus. Sua figura lendária, portanto, permeou durante algum tempo uma simbologia voltada à terra, aos heróis, ao homem mortal, mas também atencionada ao céu, aos deuses, ao divino, ao perfeito, ao ideal. Essa figura mista que Hércules apresenta, em que o lado mortal e o lado divino se confundem, era muito reforçada em diversos cultos e sacrifícios realizados em Creta, onde os gregos ofereciam-lhe sacrifícios duplos, primeiramente como herói e, somente depois, como um ser divino.
Além das façanhas heróicas de Hércules, outros membros dessa primeira geração de heróis, como Perseu, Teseu, Deucalião e Belerofonte, realizaram feitos muito semelhantes a ele, sempre realizando-os solitariamente, sem nenhuma outra ajuda, o que aconteceu quando enfrentaram monstros como Quimera e Medusa em mitos que beiram à contos de fadas (esses combates solitários só apresentam ainda mais a capacidade sobrehumana dessas personagens). Enviar um herói a uma morte presumida é um tema frequente nesta primeira tradição heróica, como acontece nas lendas de Perseu e de Belerofonte.


Argonautas

Único épico helenístico conservado até os dias atuais, Argonautica, de Apolônio de Rodes, narra o mito da jornada de Jasão e os Argonautas para recuperarem o Velo de Ouro da mítica terra de Cólquida. Em Argonautica, Jasão é impelido à sua busca pelo rei Pélias, que havia recebido uma profecia onde um homem de sandálias se tornaria seu nêmesis. Jasão perde uma sandália em um rio da região, chegando na corte de Pélias e iniciando, assim, a epopeia. Quase todos os membros da seguinte geração de heróis, assim como Hércules, partiram com Jasão ao Argo para buscar o velo de ouro. Essa geração de heróis também inclui: o mito de Teseu, que partiu à Creta para enfrentar o Minotauro; Atalanta, a heroína feminina, Meleagro, que por sua vez tinha um ciclo épico que rivalizava com a Ilíada e a Odisseia, Idas, que lutou contra Apolo por Marpessa, os filhos de Boreas: Zeto e Calais, que desempenharam um importante papel na ilha de Fineu e na luta contra os Cinocéfalos, Laerte, pai de Ulisses e também Peleu, pai de Aquiles.
Píndaro, Apolônio e Apolodoro se esforçaram em dar listas detalhadas sobre os Argonautas.
Embora Apolônio tenha escrito seu poema no século III a.C, a composição da história dos argonautas é anterior à Odisseia, que demonstra familiaridades com os enredos de Jasão. Em épocas antigas, a expedição mítica era considerada como um fato histórico, um incidente na abertura do Mar Negro ao comércio e à colonização grega. Também tornou-se muito popular, cuja função vai desde a criação de novas lendas locais à inspiração de diversas tragédias gregas.

Casa de Atreu e Ciclo Tebano

Entre o Argo (capítulo anterior) e a Guerra de Troia (capítulo seguinte), houve uma geração conhecida por seus crimes. Isto inclui os feitos de Atreu e Tiestes em Argos. Atrás do mito da casa de Atreu (uma das principais dinastias heróicas juntamente com a Casa de Lábdaco), está o problema da devolução do poder e a forma de ascensão do trono. Os gêmeos Atru e Tiéstes com seus descendentes desempenharam o papel de protagonistas na tragédia acerca da devolução de poder em Micenas.
O Ciclo Tebano trata dos sucessos associados especialmente à Cadmo, o fundador da cidade de Tebas, e, posteriormente, com os feitos de Laio e Édipo na mesma região; uma série de histórias que levaram ao saqueio final da cidade a mando dos Epigonis e d'Os Sete Contra Tebas (não se sabe se estes figuraram no épico original). Acerca de Édipo, os antigos relatos épicos têm seguido um padrão diferente (no qual ele continuou governando Tebas depois da revelação de que Jocasta era sua mãe e também posteriormente ao seu casamento com uma mulher que se converteu em mãe de seus filhos) do que conhecemos graças às tragédias — especialmente a mais famosa do assunto, Édipo Rei, de Sófocles — e aos relatos mitológicos posteriores a este texto antigo.


Guerra de Troia e consequências

A mitologia grega culmina na Guerra de Troia, a famosa luta entre os gregos e os troianos, incluindo suas causas e consequências. Nos trabalhos homéricos, as principais histórias já haviam tomado forma e substância, e os temas individuais foram elaborados mais tarde, especialmente dentro dos enredos dos dramas gregos. A Guerra de Troia adquiriu também um grande interesse para a cultura romana por conta das histórias de Enéas, herói troiano, cuja jornada à Troia levou a fundação da cidade que um dia se converteria em Roma, e é recontada por Vírgilio em Eneida (cujo Livro II contém o relato mais famoso do saqueio de Troia).
O Ciclo da Guerra de Troia, uma coleção de poemas épicos, começa com os sucessos que levaram a guerra: Éris e a maçã de ouro, o julgamento de Páris, o rapto de Helena, e o sacríficio de Ifigénia em Aulis. Para resgatar Helena, os gregos organizaram uma grande expedição abaixo do mando do irmão de Menelau, Agamemnon, rei de Argos ou de Micenas, mas os troianos não quiseram libertá-la. A Ilíada, que se desenrola no décimo ano da guerra, narra em uma de suas páginas o combate entre Agamemnon com Aquiles, que era até então o melhor guerreiro da Grécia, e também narra as consequências da morte de Pátroclo (amigo de Aquiles) e de Heitor, filho mais velho de Príamo. Antes da morte, se uniram aos troianos dois exóticos aliados: Pentesileia e Memnon.
Aquiles matou ambos, até Páris atingir seu calcanhar mortalmente com uma flecha (daí a expressão Calcanhar de Aquiles; para mais informações, veja o artigo do guerreiro). Antes de tomar Troia, os gregos tiveram que roubar da cidadela a imagem de madeira de Palas Atenas. Finalmente, com a ajuda de Atenas, eles construíram o Cavalo de Troia. Apesar das advertências de Cassandra (filha de Príamo), os gregos foram convencidos por Sinon — grego que, fingindo sua argumentação, conseguiu levar o gigantesco cavalo para dentro das muralhas de Atenas. O sacerdote Laocoonte tentou destruir o cavalo, mas acabou sendo impedido por serpentes marinhas que, com suas forças, o mataram. Ao anoitecer, a frota grega regressou e os guerreiros do cavalo abriram as portas da cidade.
O Ciclo Troiano proporcionou uma variedade de temas e se converteu em fonte principal de inspiração para os antigos artistas gregos (por exemplo, as métopas de Partenon representando o saqueio de Troia). Essa preferência artística pelos temas procedentes do ciclo troiano nos indica sua importância para a antiga civilização grega. O mesmo ciclo mitológico, posteriormente, também inspirou uma série de obras literárias da Europa. Os escritores europeus medievais troianos, desconhecedores da obra de Homero, encontraram na lenda de Troia uma rica fonte de histórias heróicas e românticas e um marco que encorajou seus próprios ideais cortesãos e cavalarescos. Alguns autores do século XII, como Benoît de Sainte-Maure (em seu Poema de Troia) e José Iscano (em seu De bello troiano), descrevem a guerra simplesmente reescrevendo a versão padrão que encontraram em Dictis e Dares, seguindo o conselho de Horácio e o exemplo de Virgílio: reescrever um poema de Troia com veracidade, em lugar de contar algo completamente novo.

Teorias da origem

Existem diversas teorias sobre a origem da mitologia grega. De acordo com a Teoria Escritural, todas as lendas mitológicas procedem de relatos dos textos sagrados, no qual os feitos reais foram disfarçados e, posteriormente, alterados. A Teoria Histórica, por sua vez, defende a tese de que todas as personas mencionadas na mitologia foram uma vez seres humanos reais, e as lendas sobre elas são meras adições de épocas posteriores (assim, supõem-se que a história de Éolo surgiu do fato de que este era governante de algumas ilhas do Mar Tirreno). Já a Teoria Alegórica supõe que todos os mitos antigos eram alegóricos e simbólicos, embora tivessem em seu contexto determinada verdade moral, religiosa ou filosófica ou um fato histórico que, com o passar do tempo, passaram a ser aceitas como verdade.Finalmente, a Teoria Física se adere à ideia de que os elementos como ar, fogo e água foram originalmente objetos de adoração religiosa, sendo que as principais deidades passaram a ser personificações desses poderes da natureza.[146] Max Müller tentou compreender uma forma religiosa indo-europeia determinando sua manifestação "original": em 1891, ele afirmou que "o descobrimento mais importante que se tem feito no século XIX a respeito da história antiga da humanidade [...] foi essa simples equação: Dyeus-pitar sânscrito = Zeus grego = Júpiter latino = Tyr nórdico." Em outros casos, perto dos paralelos o cárater e a função sugerem uma herança comum, mas a ausência de evidências linguísticas faz com que seja difícil prová-la, como na comparação entre Urano e o Varuna sânscrito, ou entre as Moiras e as Nornas.
A arqueologia e a mitografia, numa outra consideração, tem revelado que os gregos foram inspirados por algumas civilizações da Ásia Menor e do Oriente Próximo. Adônis parece ser o equivalente grego — mais claramente nos cultos do que em suas histórias míticas — de um "deus moribundo" do Oriente Próximo. Tudo indica que Cíbele, por sua vez, tem suas raízes na cultura anatólica, enquanto grande parte da iconografia de Afrodite surge das deusas semíticas. Existem possíveis paralelismos entre as gerações divinas mais antigas (Caos e seus filhos) e Tiamat em Enuma Elish. Segundo o estudioso Meyer Reinhold, "os conceitos teogônicos do Oriente Próximo, incluindo a sucessão divina mediante a violência e os conflitos gerados pelo poder, encontraram seu caminho [...] na mitologia grega." Seguindo as origens indo-europeias e do Oriente Próximo, alguns investigadores especulam sobre as obrigações da mitologia grega com as sociedades pré-helênicas: Creta, Micenas, Pilos, Tebas e Orcómeno. Os historiadores da religião estavam fascinados por várias configurações de mitos aparentemente antigos relacionados com Creta (o deus como toro, Zeus e Europa, Pasífae que produz toro e dá a luz ao Minotauro; etc.). O professor Martin P. Nilsson concluiu que todos os grandes mitos da Grécia antiga estavam atados aos centros micênicos e âncorados em épocas pré-históricas. Todavia, de acordo com Walter Burkert, a iconografia do período do palácio cretentese praticamente não tem dado confirmação alguma sobre a veracidade de todas estas teorias....
Esse mitos até hoje podem ser vistos em filmes em livros e até series foram feitas com os mitos, espero que tenham gostado e aguardem mais postagens sobre Deuses e etc.